terça-feira, 20 de outubro de 2009

conceito


O objeto principal dessa exposição é a própria casa, construida em 1934 pelo pintor Presciliano Silva, meu avô e as fotografias do acervo fotográfico da minha família (do século XIX ao século XX). Nada mais coerente do que realizar esta instalação no local onde este acervo está guardado, onde o processo foi desencadeado, o projeto elaborado e as obras realizadas: a casa do Boulevard. A casa da minha infância. A casa onde habito agora. Casa atelier. Casa acervo dessas fotografias. Casa memória. Casa caixa. Obra em processo. Vida e obra entrelaçadas. Possibilitar o público simultaneamente participar do cotidiano da casa do artista, percorrer os caminhos relativos ao processo criativo do artista e, mais do que ver, penetrar na exposição

descrição da exposição

Será uma exposição itinerante onde o visitante poderá dispor de uma visita guiada. Esta exposição é na verdade uma grande instalação composta de algumas obras, inclusive a própria casa.

a casa: a grande caixa do guardar, do fazer, do pensar e do viver. Obra de arte, local de trabalho e habitação ao mesmo tempo.

o acervo: as fotografias da família, nas caixas, nos álbuns e nas paredes.

vídeos: sobre a casa, processos criativos e fotografia, exibidos em televisores portáteis, dispostos em pontos estratégicos do atelier.

o processo: todas as etapas do projeto, conteúdo imagético e textos, disponíveis em um blog em computador instalado no atelier. 

o diário: um documentário sobre todo o processo de trabalho da artista para essa exposição. Será exibido no televisor, com head phone, no quarto da artista localizado no mezzanino do atelier.

o livro: um livro de arte  nas dimensões 27x27 cm, com aproximadamente 230 páginas, com fotografias do século XIX ao século XX, que fazem parte do acervo da família.

Sequência de fotos de Alice Moniz Silva, minha avó.




Este é mais um trabalho na linha auto-etnográfica utilizando, como suporte e produto final das obras, objetos e temas que fazem parte da minha história de vida.

programação

abertura 

  •  12 de janeiro de 2010, às 19:00

visitação


  •  13 de janeiro a 12 de fevereiro de 2010 quarta a domingo, das 16:00 às 21:00


 atrações

  •  pocket shows musicais, teatrais e performances nas quintas e sextas, das 20:00 às 20:30.


  •  lojinha com peças da artista disponíveis para compra


  • espaço goumet

perfil e público

  •  pessoas de idades diversas com interesse em arte e cultura


  •  artistas, jornalistas e formadores de opinião


  •  expectativa de público: 3,5 mil pessoas

justificativa

Se o tempo poético pode ser a possibilidade de vivenciarmos uma vida inteira através de uma obra de arte, seja ela um poema, uma música, uma imagem. Que esta vivência se torne mais expandida e mais intensa ao incluirmos a casa como local da exposição e ao mesmo tempo obra.


Nosso objetivo está claro agora: pretendemos mostrar que a casa é uma das maiores (força) de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem. (1)





Além de mergulhar cada vez mais em projetos e obras auto-biográficas, cada vez mais incorporo o processo de trabalho à própria obra. Cada vez mais sem limites de onde começa a obra e de onde termina o processo. Como se um contivesse o outro e o outro contivesse o um. Com a clara idéia de que o processo é tão importante quanto à chamada obra. Ou melhor, o processo é obra também. É extremamente espontâneo, particular, intimo e menos sujeito às convenções. Ao incorporarmos a casa do artista como local de exposição e obra em si estamos oferecendo ao público a possibilidade de transitar entre o simbólico e o real cruzando sentimentos e reflexões. Estamos estimulando também o dialogo simultâneo entre várias linguagens, entre o passado e o presente, o corpo do público e o corpo da artista.



1. Bachelard, Gaston, A poética do espaço, São Paulo, Martins Fontes, 1989, p.26

a casa

Construída em 1934 pelo pintor Presciliano Silva, a casa, desde então, tem sido um espaço marcante no segmento cultural da cidade.


Durante os anos 30, 40 e 50, foi cenário para diversos encontros de intelectuais nacionais e internacionais, saraus lítero-musicais, grandes festas de Natal e São João e animadíssimos bailes de carnaval. Com a sua arquitetura generosa e jardins no estilo francês, país fonte de inspiração na vida e obra de Presciliano - que morou na França nos anos da Belle Époque -, somados à hospitalidade de sua mulher, Alice Moniz Silva, esta casa permanece no imaginário de quem a conheceu.

Nos anos 60, a única filha do casal, a atriz Maria Moniz, mãe de Mônica, organiza encontros na varanda com o pessoal da Escola de Teatro, da Escola de Dança e da Bossa Nova da Bahia, entre eles Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Orlando Sena, Glauber Rocha e Helena Ignês. Esses encontros noturnos eram regados a muita música e o carro-chefe era a sopa preparada pela anfitriã e servida nas madrugadas. Essas noites foram imortalizadas na contracapa do disco de Caetano Veloso (1967), onde ele diz: “Gil, hoje não tem sopa na varanda de Maria”.

Nos anos 80, assume o comando do Boulevard o filho de Maria e irmão de Mônica, Maurício Simões, mais conhecido como Maurício Miau. Ele inaugura o lendário Atelier Bar, com um estilo tipicamente underground, embalado por Blues e Jazz de alta qualidade. O Atelier Bar foi um marco na cena musical baiana.

Hoje, convidamos você para fazer parte da nova fase da casa do Boulevard, que será reaberta com esta exposição, onde o personagem principal é a própria casa.

objetivos

O nosso objetivo principal é investigar as fronteiras entre o público e o privado trazendo novas possibilidades de leitura sobre a arte que ultrapassem a sua função estética trazendo reflexões de outras ordens (antropológica, etnográfica, filosófica ) além de abordar conceitos de memória, identidade, apropriação, resgate, releitura, alteridade.

A idéia é demonstrar que a fotografia é mais do que um suporte ou ilustração elas carregam em si o próprio processo de raciocínio; despertar os conceitos da chamada critica genética; inspirar oferecendo uma nova maneira de expor; provocar a construção de outros diálogos e reflexões.

atividade de formação

Como atividade complementar do projeto a artista realizará workshops sobre fotografia no espaço da exposição onde o produto final serão livros de arte. Cada participante trará entre uma e três fotos prediletas do seu acervo particular para a realização do trabalho.

Quem sou eu

Minha foto
Transito há 20 anos no universo das artes visuais. Em 2008 introduzi um novo suporte que é o pano, reafirmando o meu viés multimídia da artista que migra da fotografia para a arte eletrônica e digital e agora para a arte têxtil. Migrando mas sempre incorporando às novas descobertas os antigos suportes.